A terra fértil do Brasil dá frutos para poucos, enquanto muitos cavam na seca; e os que regam com promessas colhem poder, enquanto o povo colhe desilusões.

 A terra fértil do Brasil dá frutos para poucos, enquanto muitos cavam na seca; e os que regam com promessas colhem poder, enquanto o povo colhe desilusões.



A terra fértil do Brasil dá frutos para poucos, enquanto muitos cavam na seca; e os que regam com promessas colhem poder, enquanto o povo colhe desilusões.

O campo da política se apresenta como um grande pomar, onde poucos têm as chaves dos portões e muitos apenas olham através das cercas. Promessas brotam como sementes lançadas ao vento, mas raras são as que criam raízes para alimentar aqueles que as aguardam. A cada nova estação, mudam os jardineiros, mas o solo continua dividido: para alguns, regado com privilégios; para outros, ressequido pela negligência.

E assim segue o ciclo, onde os que se sentam à sombra das grandes árvores desfrutam do fruto do poder, enquanto o povo, que plantou e cultivou a esperança, se vê apenas com as cascas vazias das palavras. Os rios de impostos fluem para irrigar palácios, enquanto nas ruas a sede de justiça seca nas bocas cansadas. No final, a promessa da colheita nunca chega para aqueles que realmente aram a terra, mas sempre enche os celeiros dos que sabem colher sem nunca ter plantado.

E o tempo segue seu curso, como um rio que carrega folhas ao sabor da correnteza, mas nunca muda seu destino. O povo, acostumado às secas e enchentes das promessas vazias, aprende a sobreviver com migalhas, enquanto os senhores da terra banqueteiam-se à mesa do poder.

Os discursos mudam de cor, as bandeiras tremulam ao vento da conveniência, mas as mãos que assinam decretos continuam as mesmas: ora aplaudem a própria grandeza, ora apertam-se em alianças silenciosas, enquanto os rostos que clamam por mudança seguem invisíveis.

Nas ruas, o suor dos trabalhadores pavimenta caminhos que jamais pisarão. Nos campos, o sol castiga aqueles que plantam sem nunca colher. Nas favelas, o eco da esperança se mistura ao barulho das sirenes, enquanto nos gabinetes o silêncio das decisões favorece sempre os mesmos.

E assim, o Brasil permanece uma terra de riquezas saqueadas, de sonhos hipotecados, de esperanças adiadas. Os frutos da nação continuam a amadurecer nas mãos de poucos, enquanto o povo mastiga a ilusão de que um dia a justiça brotará como uma árvore que ninguém poderá derrubar. Mas até que essa raiz se firme, a terra seguirá fértil para a corrupção e árida para a dignidade.

E assim, o Brasil segue como um gigante adormecido, embalado por discursos de mudança que nunca acordam para a realidade. Os mesmos que pedem o voto do povo são os que depois o silenciam, e os que prometem liberdade são os primeiros a construir novas correntes.

Enquanto isso, o trabalhador se levanta antes do sol, atravessa cidades em transportes superlotados, entrega sua força ao progresso e volta para casa com pouco mais do que cansaço. As escolas ensinam a esperar um futuro melhor, mas as oportunidades escorrem para os mesmos bolsos de sempre. A saúde pública é um campo de batalha onde a espera é longa e a esperança é curta.

E nos altos palácios de mármore, onde a realidade do povo nunca chega, decisões são feitas sem olhar para baixo. Os cofres públicos financiam privilégios, enquanto quem precisa de auxílio enfrenta cortes e burocracias. A miséria é estatística nos relatórios, mas tragédia na vida de milhões.

Os mesmos senhores do passado continuam moldando o futuro, e a história se repete como um ciclo vicioso. Mas até quando? Até quando o povo aceitará a promessa de colheitas que nunca chegam? Até quando a terra do Brasil dará frutos para poucos, enquanto muitos apenas cavam na seca?

Até quando a esperança será vendida como mercadoria em épocas de eleição, apenas para ser esquecida assim que os votos são contados? Até quando o suor do trabalhador financiará o conforto de quem nunca conheceu o peso do esforço real?

O tempo passa, os rostos nos cartazes mudam, mas as mãos que seguram o destino da nação continuam as mesmas. A corrupção, como erva daninha, infiltra-se em cada fresta do sistema, sufocando qualquer possibilidade de renovação genuína. A justiça, quando se ergue, é lenta e seletiva; para os poderosos, um escudo, para os humildes, uma espada afiada.

E enquanto os palácios se enchem de discursos sobre crescimento e prosperidade, nas periferias a fome cala bocas e apaga sonhos. O jovem que busca um futuro melhor encontra portas fechadas, a mãe que luta para alimentar seus filhos vê os preços subirem e o salário encolher, o idoso que dedicou a vida ao trabalho assiste seu direito ao descanso ser corroído pela ganância dos que administram o país.

O Brasil segue sendo um solo fértil, mas plantado com descaso e colhido com desigualdade. A questão que permanece é: até quando? Até quando a paciência do povo sustentará o luxo dos poucos que governam? Até quando a injustiça será aceita como parte da paisagem?

Se a história ensina algo, é que toda paciência tem um limite, e toda tempestade, um momento de ruptura. A pergunta não é se a mudança virá, mas quem terá coragem de forjá-la antes que a maré se vire contra todos.

E assim, o Brasil segue sua marcha, como um navio à deriva onde poucos comandam e muitos remam sem saber para onde vão. Os gritos de mudança se espalham pelas ruas, mas são abafados pelo barulho das promessas recicladas. O povo, cansado, divide-se entre a resignação e a revolta, enquanto os mesmos nomes de sempre se revezam no trono dourado do poder.

O trabalhador, que deveria ser a espinha dorsal da nação, é tratado como peça descartável. Suas mãos constroem prédios que nunca habitará, pavimentam estradas que nunca o levarão ao topo, colhem frutos que jamais provará. Enquanto isso, a elite do país molda leis para manter tudo exatamente como está: privilégios intocáveis, desigualdade institucionalizada, um teatro onde os atores mudam, mas o roteiro segue o mesmo.

A educação, que poderia libertar, é sucateada. A saúde, que deveria salvar, é esquecida. A segurança, que deveria proteger, é usada como ferramenta de controle. O povo aprende a sobreviver, mas não a viver. E no meio dessa engrenagem enferrujada, a fé na mudança vai sendo desgastada, transformada em cinzas de esperanças queimadas ao longo dos anos.

Mas todo castelo erguido sobre injustiça tem um prazo de validade. A história já mostrou que nenhum império dura para sempre, que nenhuma opressão permanece incontestada. A questão não é se o povo despertará, mas quando. Quando perceberá que a mudança não virá daqueles que lucram com sua miséria? Quando entenderá que promessas não enchem pratos, discursos não pagam contas e que a verdadeira revolução começa quando a paciência se esgota?

O Brasil segue esperando. Mas até quando será apenas um gigante adormecido, e não um povo desperto?

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